Diagnósticos e projeções sobre a “saúde fiscal” do setor público costumam ver os gastos primários como um vilão histórico. Claro que é a parte que pode ser utilizada para financiar os serviços prestados à população, e é o principal alvo do Grande Conflito sobre os recursos públicos do Corredor da República, porque outra parte da despesa, classificada como “fiscal despesas”, não é aberto ao público respeitado, pois é usado exclusivamente para girar a roleta do Grande Cassino brasileiro.
Analistas e consultores estão tentando demonizar precisamente os recursos que podem ajudar a mitigar o impacto da crise sobre os pobres, vulneráveis e excluídos e aliviar a crescente miséria e fome. Mas eles permanecem em silêncio sobre a parte restante do orçamento, que claramente não é limitado por limites ou freios. Ressalte-se que a disputa pelos recursos orçamentários, embora limitada à parcela do gasto primário, é mais transparente e democrática, pois o “orçamento secreto” nunca atingiu seu tamanho atual, que alguns estimam em torno de 30 bilhões de reais.
Voltando ao assunto, os pagamentos de juros nunca chamaram muita atenção de consultores de mercado e analistas globais, embora tenham sido e tenham sido desde que o banco central voltou a aumentar os juros em março, e é um fator desequilibrado e desequilibrado. Dívida em todo o setor público, incluindo governos federal, estadual e municipal. No caso base (ou seja, nem muito pessimista nem muito otimista) projetado pela Instituição Fiscal Independente (IFI) vinculada ao Senado, os gastos agregados do setor público com juros tendem a subir de 4,19% do produto interno bruto (PIB)) para 5,39% em 2020 e depois 6,33% em 2022. A contabilidade já inclui um aumento na taxa básica.
Dano máximo
Levando em conta o valor nominal do PIB estimado pelo IFI (de 7,448 trilhões de reais observados em 2020, para mais de 8,60 trilhões de reais este ano, e próximo de 9,30 trilhões de reais no próximo ano), há pagamentos de juros que tenderão a partir de 312,43 bilhões de reais para 4,19% do PIB no ano passado, chegará a 588,70 bilhões de reais até o final de 2022. Ou seja, um aumento de aproximadamente 276,25 bilhões de reais, um aumento de 88,4% em apenas dois anos. Entre 2020 e 2022, excluindo os gastos obrigatórios para lidar com a pandemia, os gastos primários do governo como parcela do PIB tenderão a encolher, de 19,1% para 17,7%. Ou seja, a queda equivale a 1,4 ponto percentual do PIB. Em termos de juros, o rácio subirá 2,14 pontos percentuais para 6,33 por cento de 4,19 por cento do total de bens e serviços produzidos pela economia. Em termos nominais, os gastos primários passarão nominalmente de 1,423 trilhão de reais para 1,646 trilhão de reais (aproximadamente um aumento de 223,6 bilhões de reais), o que se traduz em um aumento de 15,7% antes da inflação. Percebe-se que as perdas de juros nas contas do setor público serão mais severas. No entanto, isso permanece ignorado pelas correntes predominantes no debate econômico doméstico, dominadas pelos interesses dos mercados financeiros.
Balanço
- Os dados usados pelas instituições financeiras internacionais são de certa forma preditivos do impacto do aumento das taxas de juros sobre a dívida total do governo geral, incluindo todas as áreas da Commonwealth. Com inflação acima do esperado e crescimento do PIB ligeiramente acima do institucional em termos nominais, a relação dívida/PIB tende a cair de 88,83% para 83,26% em 2020-21, antes de subir para 84,76% em 2020 – em grande parte devido ao aumento da taxa de juros.
- Para a esquerda, o comportamento nominal do PIB não se traduz em crescimento econômico real mais forte. O IFI baixou suas projeções para 2021 e 2022, começando a ver uma mudança no PIB de 4,91% este ano e apenas 1,72% em 2022 (o crescimento pode ser ainda menor no caso do racionamento de energia), que ainda não se concretizou a ameaça do horizonte).
- A dívida que sempre leva em consideração os dados processados pelo IFI pode passar de R$ 6,616 trilhões em 2020 para R$ 7,160 trilhões até o final de 2021 e R$ 788,3 milhões em 2022. Entre 2020 e 2022, a dívida tende a crescer 19,1%, um aumento de 1,267 trilhão de reais.
- Numa hipótese apenas para demonstrar o “efeito juro” sobre a dívida pública, assume-se que as taxas de juro se mantêm nos níveis de 2020, em cerca de 4,2% do PIB, até ao final do próximo ano. Nesse caso, a variação nominal da dívida seria inferior a 15,0%. Este ano, a dívida total subirá para 7,606 trilhões de reais (cerca de 3,5% abaixo do nível projetado pelas instituições financeiras internacionais em seu caso base). Como fração do PIB, a dívida cairia para 81,8%.
- Ainda com base na conta de juros informada pelo IFI, que responde por 30,7% do déficit nominal em 2020, a conta leva em consideração todos os gastos públicos incluindo juros, quando a diferença era de 13,63% do PIB. O déficit nominal está projetado para ser de 6,27% do PIB neste ano, e os juros (5,39% dos produtos) responderão por 86,0% do déficit, que chegará a 94,0% em 2022 (déficit nominal de 6,73% para 6,33% de juros.
- Mas o que diz o IFI? “As condições fiscais continuam bastante complexas dada a necessidade de gerar superávits primários para, pelo menos, garantir a estabilidade dívida/PIB no médio prazo, e é necessário um claro compromisso com a manutenção das regras fiscais. A nosso ver, o espaço aberto para tetos de gastos em ano eleitoral parece ser um vetor delineado até o final do ano se o cenário base for muito provável, ou se nos aproximarmos do cenário esperado para os pessimistas .”
- Nesta versão, o risco fiscal será limitado a lacunas nas previsões, decisões judiciais e “gastos máximos” para acomodar os gastos das famílias vulneráveis. As questões em torno do novo auxílio são de outra ordem, relacionadas à dissolução do Bolsa Família e seus objetivos eleitorais claros, já que os reforços prometidos vencem em dezembro de 2022 e só substituirão parte dos recursos que foram consumidos pela inflação desde 2016. .
Fontes: ohoje.com